Dona Lau

  • por Blenda Trindade (NT/SJ)

  • Meia Máscara.
  • Técnica: Escultura em argila e papietagem.
  • Papel, cola, tinta PVA e urucum.

Onde ainda é estrada de chão, bem no Vale do Rio Tijucas, vive Dona Lau: benzedeira, mãe, vó e bisa.

Ela é passarinha saíra, livre na curva do rio. Nunca viu gaiola.

Conhece dos segredos das plantas e sabe curar desde a arca caída até o quebrante. Com mãos manchadas e calejadas pelo trabalho, cultiva o urucum que faz o melhor colorau da região.

Nas festas, suas rosetas fazem lamber os beiços e seu pirão com linguiça enche os barrigões. Ela sabe o terno de reis cantado de casa em casa bairro adentro.

A festa do divino do centro? Nunca foi.

É lindo, dizem.

Depois da missa tem festa no salão da igreja da Itinga. Mas os tempos mudaram e as famílias quase não vão mais... Esses jovens não sabem valorizar a tradição. Não sabem... não sabem.

Ainda assim, guarda a beleza das tradições na memória, como um tesouro que talvez ninguém herde.

Lau é retrato de que a riqueza está na simplicidade e na partilha.

Essa máscara é uma homenagem aquelas que dedicam suas vidas ao cuidado, à terra e às raízes.